Archive for novembro 2008
II.
não posso, não pude, não poderei. que inferno do poeta em contratempo, capitalismo anti-ciclo, e minhas costas doem…
tão fácil seria se as coisas que devemos realizar fossem apenas das tarefas mecânicas. já está em cada homem responder naturalmente a estímulos, se assim normal o for, se assim comumente habituado – detesto tal sensação de trapacear com palavras, mas a natureza, por mais que nos oponhamos a ela enquanto nossos critérios embaçam a vista, nos habita -, mas não é questão. nem o tino criador que tira cupins de seus ninhos e faz nuvens chorar com prata é capaz de responder àquilo que falo. e se há a necessidade, toda ela, enquanto que nos move, é só um desenrolar de nosso tempo – e a forma como o matamos nos permite julgar o caráter de cada um. o fazer enquanto alívio do espírito – sendo espírito o que não é corpo apenas, mas a plasmática entidade que porventura representa aquilo que entendemos por sujeito, individualidade, discernimentos, julgamentos e vozes na cabeça – nos liga ao que está fora de nós. toda a ação humana, enquanto responde a seus anseios mais biológicos, aparenta capturar do externo para si, alimento. mas o que anseia o espírito que não ligar-se com o externo, tornar-se parte do todo? quando a dimensão social se compõe de tudo aquilo que não é cada um de nós individualmente, mas que nos conforma, ela nos dá todos os meios de a ela nos ligarmos. e são todos dela. tudo que torna a nós enquanto alimento ao espírito, em aparência, retorna ao seu crivo enquanto reação. o fazemos com os meios?
só tenho isso, para durar. resistir ao que me fazem fazer… e nisso sou excelente.
não consigo fazer nada.